Funcionário de fazenda é morto em área de conflito com índios no Sul da Bahia

A polícia de Pau Brasil, a 550 km de Salvador, confirmou a primeira morte do confronto entre fazendeiros e índios da tribo pataxó hã-hã-hãe no Sul da Bahia. Júlio César Passos Silva, 32 anos, funcionário da fazenda Santa Rita, que fica na zona de conflito, foi morto com um tiro na cabeça durante um tiroteio na tarde desta sexta-feira (20). Um índio foi baleado na perna no confronto.

O corpo do funcionário só foi encontrado por volta das 14h deste sábado (21) quando agentes da Polícia Federal, Polícia Militar e Polícia Civil estiveram na região onde teria ocorrido o tiroteio. O corpo foi transferido para o Departamento de Polícia Técnica de Itabuna, onde será realizado o sepultamento.

O índio Ivanildo dos Santos, baleado na perna, foi socorrido por outros índios da tribo pataxó hã-hã-hãe e encaminhada para o Hospital de Base, também em Itabuna.

Os policiais foram informados do confronto e de que havia outras pessoas feridas ainda na tarde de ontem, mas, segundo agentes da Polícia Civil, apenas neste sábado (21) os agentes conseguiram chegar até o local.
Ocupação de fazendasA cidade de Pau Brasil é o centro do conflito entre índios da tribo pataxó hã-hã-hãe e fazendeiros e já contabiliza 9 ocupações de fazendas nas últimas semanas. Em toda a região Sul do estado, 72 fazendas já foram ocupadas em razão do conflito por terra. Os índios querem pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar a demarcação da Terra Indígena (TI) de Caramuru-Paraguaçu, área que abrange todas as fazendas e possui 54 mil hectares.
Os índios dizem que todas as fazendas ocupadas estão dentro das áreas previstas para a demarcação da TI. A Funai garante que a área em questão foi demarcada em 1937 pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército e que, desse modo, os invasores seriam os fazendeiros.

Equipe da Folha ameaçadaNa manhã de hoje, o repórter fotográfico da Folha de S. Paulo Joel Silva, de 46 anos, e o motorista Igor Correia, de 25, foram ameaçados por dois grupos de homens fortemente armados na zona rural de Pau Brasil.
Sem olhar para o grupo, obedecendo a ordem dos homens armados, o fotógrafo e o motorista foram perguntados sobre a razão pela qual estavam na cidade e depois de sete minutos foram liberados, sob a ameaça de serem baleados caso olhassem e identificassem os agressores, segundo reportagem da Folha.com. Antes, o grupo inspecionou o equipamento fotográfico e guardou no porta-malas do carro.
Segundo o policial civil Sagro Bonfim, a equipe da Folha estava em um carro de locadora, sem plotagem do jornal, dentro de uma área ocupada pelos índios, o que pode ter gerado a desconfiança dos supostos seguranças. "É uma área de conflito e eles não estavam acompanhados pela Polícia Federal, correram risco de vida", relatou o policial.

Em reportagem publicada nesta sexta-feira (20), a Folha de S. Paulo denunciou a presença de homens fortemente armados na segurança da fazenda Santa Rita, pertencente ao ex-prefeito de Pau Brasil Durval Santana. A polícia civil não confirmou se as ameaças sofridas pela equipe da Folha na cidade tem relação com a reportagem publicada no jornal.
Índio baleado em fevereiroUm índio da mesma tribo também foi baleado na perna em fevereiro deste ano entre os municípios de Itaju do Colônia e Pau Brasil. Welton Santos Souza, 25 anos, foi atingido em uma estrada depois de sair da Fazenda Santa Maria. O autor do disparo fugiu e ainda não foi localizado.

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