PMs são presos sob suspeita de envolvimento em homicídios na BA

Dois policiais militares de 47 e 34 anos foram presos em Salvador, na quinta-feira (9), sob suspeita de envolvimento em assassinatos. A Polícia Civil afirmou nesta sexta-feira (10) que eles são suspeitos de terem participado de uma chacina de moradores de rua que pode ter sido feita para aumentar o clima de insegurança no estado durante a greve da PM. Em entrevista ao Bom Dia Brasil, o governador Jaques Wagner havia criticado a morte dos moradores de rua e levantado, indiretamente, a possibilidade de ela ser parte da estratégia do movimento grevista.
Segundo o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Arthur Gallas, um dos homens presos foi localizado em casa no bairro de São Caetano e outro no Quartel dos Aflitos, onde era lotado. Eles foram encaminhados para a Corregedoria da Polícia Militar, onde estão detidos. Outros dois policiais são considerados foragidos.
"O próximo passo das investigações é identificar se esses PMs faziam parte do movimento grevista. Outra linha é saber se foram determinados por comerciantes do bairro, que podem ter pedido uma 'limpeza' dos marginais que realizam pequenos furtos", diz.  Na operação de busca aos suspeitos, foram apreendidos diversos aparelhos celulares, armas e munição.
Homicídios
Cinco moradores de rua foram assassinados e dois ficaram feridos na madrugada de sexta-feira da semana passada, quarto dia de greve de policiais militares do estado, no bairro Boca do Rio, em Salvador, informou a Secretaria de Segurança Pública. A polícia afirma que prefere não revelar detalhes sobre o crime para prevenir 'acirramento de ânimos', mas diz que equipes trabalham para identificar os autores e suas motivações através de testemunhas. Relatos de ataques a moradores de rua são frequentes desde o início da greve dos PMs, na noite do dia 31 de janeiro. A apuração é realizada pelo DHPP.
arte greve pm ba grande vertical vale2 (9/2) (Foto: Editoria de arte/G1)
A corporação, através da assessoria de imprensa, diz que prefere resguardar em sigilo o andamento das investigações, pelo menos neste momento em que a greve se mantém, para evitar associações entre as situações. "Eles estão tentando entender os modus operandi, avaliando o biótipo de pessoas que foram vistas por testemunhas. Formas como agiram, utilizaram os carros e quais são os seus biótipos", afirma o coordenador de comunicação social, Cláudio Pimentel.
A polícia admite que o número de homicídios cresceu desde o início da greve, no dia 31. Uma semana depois, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que já passava de cem a quantidade de casos de mortes por crimes. Também há relatos de cumprimento de ameaças decorrentes de tráfico de drogas, que teriam sido facilitadas por conta da defasagem do efetivo da Polícia Militar.

Segundo o setor de comunicação, não houve aumento do volume de solicitações e ocorrências na região metropolitana. Essas solicitações, informa o órgão, são referentes a contravenções chamados de 'via de fatos', como lesões corporais cujos envolvidos são familiares e/ou vizinhos. A assessoria relata ainda que o balanço das ocorrências está sendo construído para melhor entendimento do retrato criminal dos últimos dias.
Desocupação da Assembleia
O prédio da Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, foi liberado na manhã de quinta-feira (9) pelos policiais militares grevistas que mantinham a ocupação desde 31 de janeiro. Marco Prisco e o policial Antônio Angelim deixaram o local presos. Ambos saíram pelos fundos da Assembleia, evitando o contato com a imprensa. A estratégia foi uma exigência de Prisco, que liderava a ocupação.
A saída dos manifestantes e as prisões ocorreram após o Jornal Nacional divulgar, na quarta-feira (8), conversas gravadas entre os chefes dos PMs grevistas na Bahia que mostram acertos para realização de ações de vandalismo em Salvador. Marco Prisco, que também é presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares (Aspra), foi flagrado em ao menos um dos telefonemas. Tanto ele quanto Angelim estavam na lista dos 12 integrantes do movimento que eram alvo de mandados de prisão. Cinco policiais foram presos.
Segundo Cunha, cerca de 240 pessoas foram retiradas do prédio. Soldados do Exército fizeram uma revista no local. Depois da liberação do espaço, o acesso ao Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde funciona a Assembleia e outros órgãos públicos, foi totalmente liberado.

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